Primeira turma de mulheres co-pilotas de companhia aérea no Brasil se forma em São Paulo.Dezesseis mulheres se formaram como co-pilotas em uma cerimônia que aconteceu na tarde desta quarta-feira (11) na Vila Olímpia, na Zona Sul de São Paulo. É a primeira vez que uma companhia aérea no Brasil forma uma turma desse tipo só com mulheres.
As formandas passaram por cursos de piloto privado e comercial e têm de cumprir um mínimo de 500 horas de voo. Para se tornarem comandantes, são necessárias pelo menos 3500 horas de voo, dependendo da empresa contratante.
Um dos desafios da formação como piloto é o preço do curso, que pode chegar a R$ 100 mil. Esse foi um dos desafios para Tatiane Martins, 36 anos, uma das formandas. Filha de pai professor e mãe dona de casa, ela teve de guardar dinheiro por dez anos até conseguir começar a estudar para se tornar pilota.
“Pisei em um aeroporto pela primeira vez aos 15 anos e soube que queria pilotar. Atuei como comissária de bordo e guardei dinheiro até conseguir começar a formação”, relembra a formanda Tatiane Martins.
No meio do caminho, Tatiane lidou com o falecimento do pai e o câncer da mãe, Maridalva Martins, 64 anos, que não escondia o orgulho da filha durante a formatura dela. “Estou muito feliz. É uma compensação de todo o esforço. Ela sempre foi muito estudiosa. Colocava na cabeça que ia estudar oito horas por dia e não parava antes de completar este tempo”, relembra.
A comandante mais jovem da Avianca, companhia aérea que promoveu o curso, Cíntia Mara Lanhozo, tem 31 anos e prestigiou o evento. Segundo ela, ainda há muito preconceito na área.
“Quando soube que eu era a comandante do voo, um senhor veio até mim e disse: ‘cuidado com as nossas vidas, mocinha’. E eu respondi: ‘é a minha vida também'”, relembra. “Falta muita referência e estímulo pra nós, mas o preconceito não me incomoda. Muitas vezes as pessoas também acham curioso e vão na cabine tirar foto, fazem festa”, conta ela.
O evento da formatura da turma de pilotas contou ainda com um painel que discutiu a equidade de gênero no mercado de trabalho, com a participação de mulheres que são referências na sociedade, como a jornalista Glória Maria, a executiva Mônica Sousa, a comandante da Avianca Brasil Jaqueline Guglielmi, e Patrícia Nicieza, diretora de RH da empresa.
Fonte: G1