Violência

A sociedade indiana é patriarcal e permissiva; o estupro é visto como algo comum, aceitável, e a mulher é considerada culpada e vítima de um crime tão assombroso. Isso vem causando indignação na população, que frequentemente vai às ruas em protesto pela inércia policial. Em meio à onda de manifestações, Babulal Gaur, que ocupa o cargo de secretário de Lei e Ordem do estado de Madhya Pradesh, colega de partido do primeiro-ministro Narendra Modi, afirma que “esse é um crime social, que depende de homens e mulheres. Algumas vezes está certo; outras, está errado. Até haver uma queixa, nada aconteceu”.

Na Índia, o nascimento de uma menina é como a chegada de Lakshmi – a deusa da riqueza de quatro braços, retratada segurando flores de lótus e um pote cheio de ouro. No entanto, apesar de isso parecer dar destaque à mulher naquele país, a situação é bem diferente. A violência de gênero é uma realidade assustadora por lá e casos de estupros coletivos são comuns – inclusive como punição determinada por tribunais populares pela violação de códigos locais. Ademais, de acordo com uma pesquisa feita pela Fundação Thomson Reuters, entre os países membros do G-20, a Índia é o pior para as mulheres viverem.

Recentemente, duas adolescentes dalits – casta considerada intocável – foram encontradas mortas por enforcamento depois de terem sido vítimas de estupro coletivo no estado de Uttar Pradesh. De acordo com a família das jovens, a polícia havia sido notificada do desaparecimento um dia antes, mas nada foi feito. “Quando fui à delegacia, a primeira coisa que me perguntaram era qual a minha casta. Quando respondi, começaram a me ridicularizar”, disse um dos pais das meninas à BBC. Em muitos casos, naquele país, a violência é usada como ferramenta para reforçar a superioridade das castas, levando medo às inferiores.