Saúde

Daniela Mercury, cantora baiana, assumiu em 2013 o relacionamento com a jornalista Malu Verçosa, dando ainda mais visibilidade à questão da homoafetividade no Brasil. O reconhecimento dos direitos dos homossexuais é uma medida civilizatória básica, apesar de estar ainda muito atrasado no Brasil. A falta de respeito é uma realidade que abala o psicológico dos gays, que vivem sob o estresse constante do preconceito e da desvalorização social. Isso chama a atenção para um fator de grande importância: a saúde das lésbicas e das bissexuais.

Segundo o estudo As Faces da Homofobia no Campo da Saúde, realizado pela Faculdade de Medicina da UFRGS e Fundação Médica do Rio Grande do Sul, as mulheres mais masculinizadas, por exemplo, sentem-se constrangidas em consultas e procuram atendimento médico apenas quando estão inaptas para o trabalho ou para atividades cotidianas. Em geral, as lésbicas têm receio de revelar sua orientação e práticas sexuais por medo de serem tratadas com distinção. Entre os profissionais de saúde, há um pacto de silêncio, pois existe um receio de falarem sobre o assunto e invadirem, assim, a privacidade das pacientes. O resultado disso é uma consulta impessoal.

Como função, médicos e outros profissionais do setor devem melhorar a qualidade de vida das pessoas. No caso do atendimento a lésbicas e bissexuais, o melhor que podem fazer é quebrar o silêncio e se informarem, pois, desde os anos 1970, as associações científicas internacionais e brasileiras entendem que a homossexualidade é uma variação da sexualidade humana e não uma patologia. Segundo Romeu Gomes, pesquisador da Fiocruz, a formação profissional precisa melhorar: “Muitas vezes essa questão é evitada nos cursos de formação ou subliminarmente vista como desvio. É preciso abranger as pessoas – homo, hetero ou bissexuais – e suas vivências sexuais em sua totalidade”. Segundo ele, a importância da prevenção das DSTs e Aids é uma questão que deve ser debatida nos consultórios médicos.