Empoderamento

Embora representem 44% da força de trabalho, as brasileiras ainda são minoria nos cargos de comando. O que torna a igualdade de gênero nas empresas um grande desafio no país. Apenas 5% das brasileiras integram o seleto grupo de mulheres à frente de grandes empresas. No entanto, de acordo com especialistas, existe uma luz no fim do túnel. Algumas empresas já possuem programas que promovem a equidade de gênero, valorizando o talento e a capacidade feminina. Um exemplo é a Microsoft Portugal que possui uma estratégia para essa paridade. Conforme o diretor-geral da empresa, João Couto, embora reconheça que “há sempre uma resistência natural dentro das empresas” – especificamente em setores que são mais propícios a um determinado gênero, como é o caso das tecnologias de informação, nas quais, “por natureza, teria mais propensão para ter recursos qualificados em gênero masculino” – a Microsoft conseguiu provar que era possível ter metade das mulheres na administração.

Segundo gestores, contratar mulheres não é importante apenas para a promoção da igualdade no local de trabalho, mas contribui também para o sucesso da empresa. Para aquelas que ainda estão na contramão da História, eles afirmam que esse não é um bom negócio. Estudos mostram que empresas com maior diversificação de gênero apresentam melhor desempenho econômico. Um levantamento realizado pela consultoria McKinsey aponta que, entre 73 empresas pesquisadas, as que tinham equipes mais plurais apresentaram desempenho 48% maior que o da média do grupo. Além disso, 93% das 500 empresas do ranking da revista Fortune dizem que a diversidade é um fator-chave para o negócio.

Para os especialistas, o compromisso com a equidade impacta na atração, retenção e engajamento de empregados. Um ambiente de discriminação pode reprimir talentos e comprometer a capacidade da empresa de reconhecer adequadamente o desempenho de funcionários e dirigentes. Já um ambiente diversificado abre espaço para mais talentos e para o aumento da produtividade e da retenção, segundo a pesquisa.

De acordo com dados do Instituto Ethos, as mulheres representam mão de obra significativa e mais qualificada. Elas constituem quase metade da população economicamente ativa do Brasil, ou seja, um contingente expressivo de trabalhadoras com tempo médio de escolaridade de 7,4 anos, contra sete anos dos homens.

Além disso, a promoção da igualdade é um plus para a imagem da empresa, funcionando como marco civilizatório. A igualdade de gênero foi reconhecida como um direito humano desde a criação das Nações Unidas. Portanto, para uma empresa, aderir a esse compromisso é um sinal de responsabilidade social, fortalecendo sua reputação.