Maria Martins, ou Maria, como a mineira gostava de ser chamada, é uma referência na arte mundial. Uma mulher à frente de seu tempo – basta conhecer suas criações ou mesmo um pouco da vida pessoal dela para concluir isso. Aliás, uma coisa está intimamente ligada à outra. Sua produção é surrealista e, visceralmente, autobiográfica. É assim em quase todas as peças, como, em O impossível (1940) e Canto da noite (1968). As obras estão espalhadas por museus estadunidenses ou coleções particulares. No Brasil, por exemplo, pode-se encontrá-las no Palácio do Itamaraty em Brasília.
Em 1925, conheceu o segundo marido, o embaixador Carlos Martins. O primeiro casamento, com o historiador Octavio Tarquínio de Souza, não durou 10 anos, uma inovação para a época, pois o divórcio não era permitido no país. Após o casamento com o diplomata, viveram no Equador, Holanda, França, Japão, Bélgica…
Sem desanimar, mesmo depois da morte de duas das cinco filhas que teve, Maria mostrou-se incansável. Em 1939, já morando nos Estados Unidos, abriu um ateliê na própria embaixada e começou a conviver com artistas europeus exilados devido à Primeira Guerra Mundial. Entre eles, André Breton, Piet Mondrian, Marcel Duchamp. É nesse contexto que surge a arte surrealista no continente americano.
Durante o dia, produzia em seu estúdio; à noite, como embaixatriz, recebia convidados importantes. “Ela gostava de ser do contra. Vestia-se como cigana, queria ser o centro das atenções. Mais do que namorar, em um casamento aberto, seduzia os homens e era muito vaidosa”, relata a biógrafa Ana Arruda Callado. Além de Duchamp, Maria Martins teve um caso com Benito Mussolini. Foi amiga de Picasso, Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, e entrevistou personalidades como Mao Tsé-tung.
A afilhada de Euclides da Cunha participou da criação do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e da Bienal de São Paulo. Com O rito do ritmo (1959), um monumento de sete metros de altura, ajudou a compor os jardins do Palácio da Alvorada, na inauguração da capital federal.
Talvez, porque a arte concreta e racional teve grande aceitação no Brasil, o surrealismo de Maria Martins foi deixado de lado, parecia ultrapassado. A musa das formas disformes é considerada por especialistas como a primeira escultora surrealista da América Latina, pioneira de uma espécie de modernismo tropical. Ela mesma escreveu no catálogo de uma exposição no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1956, já prevendo a crítica dos modernistas: “Quando em uma pintura ou escultura ressalta à primeira vista a escola ou o movimento a que se pretende filiar o seu autor, sem que tal escultura ou tal pintura desperte maior interesse de admiração ou mesmo de repulsa, essa obra não passa de ‘modismo’ e morrerá, ainda que conheça sucesso momentâneo”.
Em 26 de março de 1973, Maria Martins morreu de insuficiência respiratória.
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