Cultura

Felicidade Costa encarna plenamente a etimologia de seu nome: irradia um contagiante otimismo. Natural do Amazonas, residiu a maior parte da vida no Rio de Janeiro, assumindo a carioquice como estado de espírito. Neta de portugueses, herdou da avó paterna o primeiro nome, ao que faz jus. Aos 20 anos, chegou à Cidade Maravilhosa, onde sua veia artística foi motivada pelo amigo Baden Powell. Afirmou-se como cantora, paixão que acalentava desde os 12 anos de idade. Constam da sua trajetória três álbuns lançados, incluindo vários temas de novelas da rede Globo e múltiplos projetos como a participação no Song Book de Chico Buarque.

Há 13 anos, foi apresentada ao marido dela, o embaixador José Roberto de Almeida Pinto, atual representante permanente do Brasil na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Lisboa. Desde o início do relacionamento, ambos partilharam a paixão pela música. Ela, no canto, ele, na composição de letras, consequência natural para um poeta com dois livros publicados. Com boa reputação na capital do fado, depois das passagens pelos postos diplomáticos de Honduras, Itália e Guatemala, Felicidade começou uma nova etapa, conciliando as exigências de embaixatriz com a carreira de cantora. “Costumo dizer que a minha ligação com o mundo é feita através da arte. Para a mulher de um diplomata é difícil ter uma vida própria, ainda mais sendo artista. Desde o início tento ligar minha arte a projetos de beneficência.” Um exemplo é a sua participação no Carnaval do Brasil no Coliseu, cuja atuação foi em benefício da Liga de Combate à Sida (sigla para Aids usada em Portugal).

Em Honduras encampou várias campanhas de beneficência para o Hospital-Escola e à Casa Zulema, que abriga portadores de HIV em fase terminal, trabalhando sempre com músicos locais. “Na Itália que pude desenvolver um trabalho maior como cantora, passando pelos palcos de todo o país”, comenta. Em Lisboa, à semelhança dos outros postos, segue com seus projetos. O próximo será uma homenagem a Baden Powell, que com Vinicius de Moraes, criou os afrossambas, com raiz na ligação entre o canto africano e o canto gregoriano, no que confessa ser simpatizante do candomblé e mangueirense de coração.

Apaixonada por Lisboa, não elimina a possibilidade de apresentar-se como fadista. “A minha raiz é o samba, sou uma cantora tipicamente brasileira. É difícil dar um rótulo a um intérprete brasileiro. Hoje sou compositora, faço músicas há dez anos e minha escola é o baile onde cantávamos tudo, músicas dos anos 1970, samba, rock, balada.” Ao ser perguntada sobre o que é felicidade, ensina: “É tirar o melhor da vida.”