A Seleção brasileira de futebol feminino é competitiva e está entre as melhores do mundo desde 1996. Mas, internamente, o número reduzido de equipes não é suficiente para revelar novos talentos nem dar condição de estabelecer uma carreira. Além de pouco investimento, algumas atletas precisam jogar fora do Brasil para conseguir destaque. Felizmente, há quem resista às adversidades e mostra que é possível mudar esse cenário. Conheça um pouco da história não de uma, mas de quatro técnicas de futebol que fazem a diferença, vencem dificuldades e mostram que mais do que nunca, o comando do futebol, dentro e fora das quatro linhas, também é feito por elas.
| As treinadoras
Lindsay Camila, 30, é de Campinas (SP). Teve uma infância muito ativa e começou jogando futebol com os primos até ser descoberta como um talento promissor. “Quando criança fiz ballet, sapateado e como estudei no SESI e lá tem bastante atividade física, fiz ginástica olímpica, natação e basquete. O futebol começou a ficar mais sério quando uma amiga do trabalho da minha mãe me viu jogando e me chamou para jogar no Time da Sanasa (companhia de água e esgoto de Campinas). De lá fui dando continuidade”, lembra.
No Lyon, recebeu o convite para ser treinadora. No desafio de passar de jogadora para treinadora, passou por dificuldades com outros idiomas e preconceito por parte de outros treinadores. “Quando estive em Dubai, em 2012, fui cumprimentar um treinador e ele se recusou por eu ser mulher e ter ganhado do time dele. Na França diversos treinadores entravam em campo acreditando que já estava como o jogo ganho. Eu sou do tipo de pessoa que não me importo se o treinador adversário irá me olhar como homem ou mulher. Acredito no meu potencial e gosto muito do que faço”, afirma Lindsay.
Emily Lima, 32, nasceu e mora em São Paulo. Treinadora do Juventus há dois anos, ela é um dos atuais destaques do futebol feminino. Foi empossada como a nova técnica da seleção feminina sub-17 e já começou fazendo história. É a primeira mulher a assumir o comando de uma seleção nacional. “Acredito que nasci pro esporte. Na escola gostava de praticar qualquer modalidade, mas a que mais me chamou atenção sempre foi o futebol. O futebol não entrou na minha vida, ele sempre esteve na minha vida”.
Sua passagem de jogadora para treinadora foi natural, mas envolveu lesões e uma aposentadoria precoce. “Graças a Deus a passagem foi natural. Por conta de seguidas lesões no joelho tinha que aceitar a aposentadoria mais cedo. Não aguentava mais treinar com dor e muito menos jogar. Senti que a dificuldade foi pela troca de papéis. É mais fácil ser atleta do que treinadora”. E para ela treinar um time é muito mais que exigir habilidade e físico em dia. “Hoje as minhas principais responsabilidades são cuidar da educação e caráter de cada atleta”, diz.
Outro destaque na liderança de times, a paulista Miriam Soares tem futebol no sangue. Ela é ex-goleira da Seleção Brasileira e atualmente é Técnica de Futsal e Futebol Feminino e uma das treinadoras mais premiadas do interior de São Paulo. Natural de Ribeirão Preto (SP), ela tem 47 anos e é filha de Benedito Soares, ex-jogador de futebol do Botafogo FC nos anos 60. “Meu pai era treinador de futebol de uma equipe amadora da cidade e, como estava sempre grudada nele, aprendia tudo sobre futebol. Em 1978 fui convidada pelo treinador de uma equipe de futebol feminino da Usina Martinópolis da cidade de Serrana/SP, João Dias Corrêa, para fazer parte do grupo que ele dirigia e, com o incentivo do meu pai e a reprovação da minha mãe, eu fui. Aos 15 anos, depois de ter experimentado algumas competições nas modalidades esportivas as quais eu participava, optei por jogar apenas o futebol.”
Mesmo com os problemas e a desilusão com alguns episódios na carreira, Miriam planejou a mudança de atleta para líder de equipe. Segunda ela, “foi muito bem pensada. Depois de muitas decepções e mentiras dentro da Seleção e nos clubes, foi muito difícil, mas a razão prevaleceu. O inicio foi bastante difícil, pois eu era desafiada o tempo todo tendo que provar competência e profissionalismo. Trabalhando no meio de outros tantos ex-jogadores de futebol para mim foi um acréscimo muito significativo, uma troca de experiências bastante importante para mim. O fato de trabalhar diretamente com eles me ajudou muito a me tornar a profissional que sou hoje. Ter ao meu lado pessoas como Pitter (melhor zagueiro marcador de Pelé), Raul Pratalli (goleiro do Palmeiras por muitos anos), Paulo Cesar Camassutti (atacante do Botafogo e Corinthians) é um privilégio.”
A caçula desta turma é Rafaela Nicolete. Natural e residente em Americana (SP), ela tem 27 anos e tem interesse por futebol desde muito jovem. “Desde bem novinha, dois ou três anos, sempre pedi bola de presente para o meu pai. Participei de diversas modalidades esportivas, como judô, capoeira, ginástica, entre outras, até que os 10 anos, iniciei no futebol em um clube em que éramos sócios”, recorda.
O início da troca de atleta para treinadora aconteceu naturalmente. “Aos 17 comecei a cursar a Faculdade de Educação Física e a exercer a função de Preparadora Física na mesma equipe em que fui atleta. Então não tive muita dificuldade nessa mudança. Acredito que sempre tive aptidão mesmo para ensinar, que acabou se tornando uma paixão. Claro que ainda existe preconceito por ser uma técnica mulher, questionam um pouco sua competência, e isso não é só no futebol, mas como a equipe em um todo obteve resultados rápidos, tanto em títulos como na parte educacional, facilitou bastante a aceitação e começaram a respeitar o trabalho.”
| Evolução do futebol feminino
Apesar de governos e entidades não apresentarem muita vontade política nem monetária para promover as mudanças necessárias, elas mostram otimismo com o atual cenário do futebol feminino no Brasil.
“Hoje existem mais mulheres e meninas praticando futebol, sem necessariamente ter um ‘cabelo curto ou jeito masculino’. Nós ainda estamos atrasadas quanto a formação de outros países, pois aqui não é rentável formar uma jogadora de futebol. Marta e Sissi são duas em muitos milhões. Temos ótimas atletas, mas rentáveis como essas não. Então o que os clubes ganham em formar atletas mulheres?”, questiona Lindsay. E completa “taticamente estamos engatinhando, tivemos uma alta em 2007 e 2008 com os vice-campeonatos mundial e olímpico, mas o futebol evolui muito rápido e o que há quatro anos era bom, hoje já não ganha com tanta facilidade.”
Mais envolvida com as atuais mudanças, Emily é mais otimista. “Não vejo preconceito em mulher técnica, o problema é a falta de mulher no comando. No Campeonato Paulista do ano passado tínhamos cinco técnicas na competição, sendo que participaram 18 equipes. Já temos uma mudança que vai ficar marcada, uma mulher no comando da seleção brasileira. A evolução vem dentro de cada comissão técnica, e com certeza reflete nas atletas, e com isso conseguimos a melhora na parte técnica, tática, etc e assim conseguimos a evolução de qualidade da modalidade, os profissionais que trabalham no futebol feminino hoje buscam mais conhecimento da modalidade”, conclui.
Miriam toca na ferida e fala de um dos principais problemas para a evolução do futebol feminino. Para ela, pouca coisa mudou de seu tempo como jogadora. “Creio que hoje o futebol feminino brasileiro sofre as consequências de ser administrado por uma entidade que não possui interesse algum de promover mudanças reais e investir no que é realmente necessário para a evolução da modalidade. O autoritarismo e hierarquia engessada da CBF atrapalha demais o desenvolvimento de nossa modalidade esportiva. Uma das maiores dificuldades é a falta de perspectivas de futuro, pois sem competições não existem clubes, e os clubes sem mídia não tem interesse em montar as equipes e sem essas equipes, as atletas se veem obrigadas a deixar de lado o sonho e começar a trabalhar em outras áreas.”
| Ser líder
Todas são unânimes em dizer que estar no comando de uma equipe de futebol é mais do que driblar dificuldades e preconceitos. É uma missão que amam desempenhar.
Lindsay fala disso com bom humor.”É engraçado, pois aqui no Brasil a primeira equipe que trabalhei eu era treinadora, “preparador” físico e “treinador” de goleiras. Na teoria do futebol, treinador é quem manda, mas não era bem assim. Decidíamos todos juntos, era engraçado”, comenta.
A veterana Miriam fala da realidade da modalidade e das treinadoras no país com os pés no chão. “Amo o que faço e faço com muito prazer, garra e respeito aos profissionais que colaboram comigo. Temos no Brasil poucas mulheres técnicas de futebol, mas tenho certeza que essas poucas já fazem a diferença. Eu ainda tenho um sonho de poder responder positivamente a seguinte questão levantada por meninas que praticam o futebol: ‘Professora, será que um dia eu vou conseguir dar uma casa para a minha mãe sendo uma jogadora de futebol? ‘”.
Ela ainda fala de outro desafio das treinadoras de futebol e de todas as trabalhadoras ao redor do mundo: o acúmulo de funções dentro e fora de casa. “A dupla jornada para nós mulheres é o que mais pesa dentro desse contexto, pois sou especialista no que faço e para me manter no mesmo nível dos homens eu preciso estar sempre atenta, me atualizar sempre, participar de congressos e cursos mais específicos e não é fácil conciliar isso tudo”, avalia.
Ainda que muitas delas queiram ultrapassar definitivamente a barreira do preconceito treinando uma equipe masculina, Rafaela acredita que é mais fácil para uma mulher liderar uma equipe feminina. “Ajuda muito, pois mulher entende com mais facilidade mulher, sabe das dificuldades e como devem ser tratadas. Acredito que o preconceito e o machismo sempre acabam sendo quebrados no momento em que você demonstra respeito, seriedade e competência em seu trabalho. Após esses paradigmas serem quebrados, a credibilidade vai aumentando e isso facilita muito na evolução na modalidade, visibilidade, divulgação e mídia.”
*Fonte: Yahoo Mulher
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