Nossa homenagem a essa guerreira no dia que comemora a consciência negra.
Maria José Motta de Oliveira ou simplesmente Zezé Motta, como ficou mundialmente conhecida, filha de um músico e de uma modista, sempre viveu cercada pela arte. No entanto, quando optou pela carreira de atriz, a mãe, que já sofria com os altos e baixos da carreira do marido, temeu pelo futuro da filha. “Minha mãe queria que eu seguisse a carreira de modista, uma profissão sólida, que hoje equivaleria a ser uma estilista, mas eu já estava infectada pela veia artística e ao ganhar uma bolsa para estudar no Tablado, não pensei duas vezes, aceitei”, recorda. Apesar de cantar desde muito jovem, a carreira de atriz despontou primeiro. A estreia aconteceu em 1968, com a peça Roda Viva. Mas até alcançar o sucesso, sentiu na pele o preconceito da sociedade brasileira da década de 1970, por ser mulher, negra e pobre.
Nesse sentido, diz que passou por duas experiências marcantes à época. “Compreendi cedo que não dava para sobreviver só com as peças, que era preciso fazer cinema, tevê, fotonovela, enfim, o que pintasse. Portanto, liguei para um amigo e pedi para que ele me colocasse em uma fotonovela, a resposta foi um baque: ‘Zezinha, você me perdoa, mas eu não estou autorizado a contratar atores negros”, revela. Logo em seguida, diz que fez um comercial para uma loja de tecidos, que recusou a campanha, alegando que seu alvo era a classe média e que como eles eram preconceituosos não aceitariam a sugestão de uma negra. “O ensaio ficou lindo, o cliente pagou, mas não lançou a campanha, compactuando com o preconceito. Eu já sabia que o negro era discriminado, tínhamos dificuldade de entrar pela porta da frente em condomínios de luxo, passei por várias situações até ficar conhecida com Xica da Silva”, ressalta.
Para ela, o filme de Cacá Diegues foi um divisor de águas na sua carreira. “Antes, eu não tinha visibilidade; depois de Xica da Silva, convites surgiram de todos os lados, passei a ser querida em festas, eventos, conhecida internacionalmente. Conheci 16 países com o filme, que estourou no mundo. Com o reconhecimento, virei uma figura pública. Com o sucesso as portas se abriram”, destaca. Segundo Zezé, com a fama veio a responsabilidade de agir, de fazer algo para mudar a invisibilidade dos artistas negros na mídia. “Eu sentia que tinha que fazer algo para mudar isso. Na época, eu dava em média três entrevistas por dia, e as pessoas sempre perguntavam sobre ser atriz, mulher e negra. Senti que eu precisava aprimorar o meu discurso. Para isso, fiz um curso sobre cultura negra, no Parque Lage no Rio, com a antropóloga Lélia Gonzalez. Na aula inaugural, ela disse algo que eu nunca mais esqueci: ‘Não temos tempo para lamúrias, temos que arregaçar as mangas e mudar isso’. A partir daí ficou claro que eu precisava fazer alguma coisa”, justifica. Assim, Zezé e demais integrantes do movimento negro criaram o CIDAN (Centro Brasileiro de Informação e Documentação do Artista Negro), que em 2014 completa 30 anos.
Fundadora e presidente de honra do CIDAN, ela diz que o Centro além de contribuir para a inclusão dos artistas negros, tem formado atores com destaque no cenário nacional como o protagonista do filme Cidade de Deus, Alexandre Rodrigues. “Hoje, temos cerca de 400 atores cadastrados. Não se faz mais teatro, cinema ou televisão que envolva ator negro sem se consultar a página do CIDAN. Isso me deixa muito feliz”, afirma com orgulho. “Atualmente, estamos colhendo os frutos de toda essa luta. Os atores negros estão ganhando cada vez mais visibilidade e não fazem mais personagens estereotipados”, acrescenta.
Zezé conta que a vez da cantora também se deu depois de Xica da Silva. “Quando baixou a poeira do filme, todos me perguntavam o que eu iria fazer e eu sem saber ao certo o que viria, dizia: vou cantar. E foi o que fiz, desde então, não parei mais, graças a Deus, porque só como atriz eu não sobreviveria. Atriz ganha pouco”, avalia. Em seus shows faz homenagens a grandes compositores e intérpretes da música brasileira como Elizeth Cardoso e Luiz Melodia.
Dona de uma simpatia contagiante e de um extremo calor humano, com muita garra, Zezé alcançou o estrelato. Da sua trajetória constam 26 novelas, 39 filmes e uma discografia de dez álbuns, além de inúmeros shows dentro e fora do Brasil. Parte desse acervo compõe a decoração da ampla sala do seu atual endereço. Depois de morar por 40 anos entre Ipanema e Lagoa, há cerca de um ano mudou-se para o apartamento em que viveu por dez anos Clarice Lispector (1966 e 1977), no Leme. A escolha, segundo ela, foi uma grata coincidência. “Eu me apaixonei pelas áreas amplas do imóvel e mais ainda quando soube que aqui morou Clarice Lispector, de quem sempre fui grande admiradora”, confessa. Quando perguntam se a escritora está pelo apartamento, Zezé indaga com humor: “É possível. Por que não”?
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