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De acordo com o TSE, o Brasil tem mais de 77 milhões de mulheres aptas a votar. Elas representam 52,3% do eleitorado. Além de ser maioria, o público feminino é o mais indeciso neste momento. Conforme a última pesquisa do Datafolha, 22% das mulheres declararam que ainda não escolheram o candidato a presidente da República ou que irão votar em branco ou nulo. Entre os homens, o índice é de 12%.

Disputa acirrada

“Os primeiros colocados nas pesquisas estão próximos, assim como no 2º turno, e a proporção de mulheres indecisas é maior. O fato de elas decidirem muito mais perto da eleição faz com que tenham voto mais influente”, aponta a socióloga e especialista em pesquisa eleitoral Fátima Pacheco Jordão.

Conforme a analista, a indefinição a esta altura da campanha é consequência do distanciamento das mulheres do processo político, do maior senso crítico para escolha dos candidatos e da falta de representatividade.

“Por terem uma preocupação social e econômica mais ampla, pensando no futuro de profissão, filhos e família, as mulheres se desencantaram mais com a política. Entretanto, tal desencantamento pode ser motivo de maior engajamento para garantir que as mudanças realmente se efetivem na política”, acredita a especialista em opinião pública Jacqueline Quaresemin, professora da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp).

Mobilização

A oposição de uma parte das mulheres a Jair Bolsonaro (PSL), que tem a maior rejeição entre elas, de 49%, é um exemplo de mobilização. O movimento #elenão se disseminou na internet e deve contar com manifestações presenciais no dia 29.

“Isso terá interferência, porque as mulheres não se organizavam em prol ou contra uma candidatura. Alguns partidos, especialmente os de esquerda, tentavam unir o segmento, mas não é tão espetacular quanto o que está acontecendo agora”, diz a professora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos Maria do Socorro Sousa Braga.

Mais candidatas

De olho no eleitorado feminino, candidatos colocaram mulheres como vices. O pleito de 2018 tem o maior número de substitutas da história. São cinco entre as 13 candidaturas à Presidência. Há ainda duas candidatas: Marina Silva (REDE) e Vera Lucia (PSTU).

Para finalmente se decidir, Ana Maria Gomez conta que tem analisado as propostas dos presidenciáveis e a viabilidade delas. “Nunca foi tão difícil escolher”.

Prioridades

Saúde, Educação e proteção às mulheres estão entre as prioridades no processo de definição do voto do eleitorado feminino.

“Os homens têm uma visão mais geral dos candidatos e dos partidos. Já as mulheres levam mais o cotidiano, com relação a Saúde e Educação, para a decisão política”, diz a socióloga e especialista em pesquisa eleitoral Fátima Pacheco Jordão.

Segundo a cientista política e professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Esther Solano, as mulheres se ligam bastante em políticas públicas. “Saúde e Educação impactam no voto feminino porque são as mulheres que geralmente cuidam dos filhos”.

Ela destaca que candidatas e vices podem causar maior identificação. “Ao mesmo tempo em que há uma política machista, cada vez mais mulheres estão sendo introduzidas no processo eleitoral”.

Professora na Universidade de Brasília (UnB), a historiadora Teresa Novaes Marques pontua que, apesar das diferenças de prioridades entre as mulheres, a luta contra a violência pode uni-las.

“Vivemos uma assustadora epidemia de violência contra a mulher”, aponta. “Nenhum candidato precisa inventar a roda nessas políticas. Basta assumir o compromisso de fazer cumprir a lei e aprofundar o seu alcance. Sinalizar que o feminicídio não pode ficar impune é importante medida preventiva”.

Fonte: Com informações de A Tribuna