Em 1565, quando Estácio de Sá chegou ao Rio não havia rádio, nem televisão, nem Internet, nem satélites, nem astronautas. Era a fase dos Descobrimentos Portugueses, em que “navegar é preciso, viver não é preciso”. No Morro Cara de Cão aonde desembarcou na Urca, não poderia imaginar que estava fundando a Cidade de Encantos Mil, não obstante suas mazelas existentes. Não poderia imaginar que a integração através da língua materna pudesse transformar-se em manifestações de um lindo mosaico cultural, a fazer da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, tambor de ressonância dos grandes momentos do país, porta principal para o turismo nacional. Não poderia imaginar que essa cidade viesse a ter o maior carnaval do mundo, em que desfilam lindas mulheres de todas as cores e tribos. Se alguém tem dúvida, vá ao desfile da Sapucaí e depois nos conte! Não poderia imaginar que essa cidade mesclasse trabalho a impulsionar o seu desenvolvimento com alegria de viver, tornando o ser carioca muito mais ser do que ter, em um estado de espírito que propaga bom humor e irreverência, a incluir “que ela é carioca, basta o jeitinho dela andar”…
Nesta edição, intitulada Rio, 450 Anos de Mulheres Maravilhosas, uma homenagem àquelas que ontem e hoje marcaram com suas trajetórias emblemáticas a história da Cidade Maravilhosa. De Estácio de Sá as Olimpíadas de 2016, com visão de futuro, uma edição que é fruto de minuciosa pesquisa saúda suas vanguardistas. Narra feitos não registrados nos arquivos oficiais a partir da colonização portuguesa até hoje presentes em nossas relações bilaterais, a exemplo dos nomes de ruas da cidade que enaltecem expressivas figuras portuguesas, em um entrelaçar de fraternidade. Isso sem falar de figuras femininas, a exemplo da legendária Carmen Miranda, ícone artístico do Brasil, from Portugal.
Sob a ótica feminina que regula nossa linha editorial, pontuamos a chegada da família real e o seu legado transatlântico. Passamos pela Velha República com mulheres insubordinadas, como Nair de Teffé e Chiquinha Gonzaga, até chegar à República livre de Ipanema que originou a bossa nova, aqui representada por Nara Leão. Em matérias revisitadas, destacamos a importância cívica da imperatriz Leopoldina para a Independência do Brasil; a de sua neta, a princesa Isabel, para a Abolição da Escravatura; e outras de relevo no Brasil do vice-reinado, a exemplo de Domitila de Castro, nossa marquesa de Santos.
A exemplo de Rita Lee, que diz que “toda mulher tem um pouco de Leila Diniz”, registramos a passagem desta que traçou um novo papel para a mulher brasileira sem nunca ter hasteado uma bandeira, salvo a do Flamengo. Saudamos a literatura brasileira com Nélida Piñon, primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Letras, para quem a palavra é o Olimpo, bem como do outro lado do oceano, a presidenta do Instituto Camões, Ana Laborinho, que trabalha para unir nações tendo como projeto de vida a maior integração de nossa língua materna.
No mesmo diapasão, artistas, políticas, como Benedita da Silva, primeira governadora negra do país; Vera Lúcia dos Santos, primeira Miss Brasil, e Rafaela Lemos, eleita a Musa do Rio. Na área empresarial, Maria Ercília Leite de Castro, presidenta do Conselho de Mulheres Empresárias da Associação Comercial do Rio de Janeiro, detentora da concessão do bondinho do Pão de Açúcar, cartão-postal da cidade. E ainda, as valorosas jovens que dão sentido maior às suas vidas através do esporte, prontas a honrar o país nos Jogos Olímpicos de 2016, cuja imagem de Maria Lenk é uma referência maior. Olimpíadas que trarão um inegável legado de transformações sociais para o Rio de Janeiro, em que o prefeito Eduardo Paes está a demonstrar pelas obras que desenvolve na revitalização do Rio antigo, para que essa urbe seja cada dia mais maravilhosa.
Muito mais teríamos a falar dessa capital cosmopolita, segunda maior economia nacional. Registrar nossas cientistas abnegadas, missionárias do bem comum, das mulheres guerreiras do dia a dia – a todas essas vai o nosso abraço, elas que já vêm sendo a missão da revista Persona Mulher ao longo de 20 anos no trabalho de valorização feminina. Assim, fechamos esta edição com o poema de Vinicius de Moraes, que além de ser o autor de Garota de Ipanema, também fez de Samba do avião nosso refrão: “Minha alma canta vejo o Rio de Janeiro”…
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