Cultura

Catarina Vaz Pinto é a vereadora da cultura. Cabe a ela administrar um mosaico de tradição e beleza. A cidade, considerada a mais segura da Europa para o visitante, Patrimônio da Humanidade para a Unesco, é onde os povos se entrelaçam, com destaque para os brasileiros que se sentem em casa. Em entrevista exclusiva à Persona Mulher, a vereadora que já foi secretária de Estado de Cultura, declara-se “lisboeta com certeza”, apesar de ter nascido em Goa, na Índia. Ela chegou à capital lusitana aos seis meses de idade e é apaixonada pelas artes. “Comecei minha atividade profissional como advogada, mas desde cedo me interessei pelas artes, tendo, nos anos 1990, criado uma Associação de Dança Contemporânea. Sempre tive muitos amigos artistas”, comenta.

Para ela, que admite trabalhar somente naquilo que lhe motiva, tocar a cultura da cidade é algo desafiante, mas prazeroso, tendo como responsabilidade cumprir a missão com marcas positivas na preservação de uma identidade tão peculiar. Falar da Lisboa de outras eras, de momentos épicos e do descortinar do progresso rumo ao futuro lhe entusiasma. Para a vereadora socialista, “manter e promover uma urbe solidária é um dos principais objetivos, ao projetar políticas culturais em uma Câmara que dá apoio aos agentes da cultura e às festas populares, como pilar dessa dinâmica da cidade para que ela cresça e cresça sempre”.

Tendo Lisboa como porta de entrada para a Europa, entende que é importante oferecer o máximo para o visitante em uma programação que contém diversos museus, galerias de artes, teatros, o fado, hoje Patrimônio Imaterial da Humanidade, e os azulejos seculares. “Aqui temos os museus municipais como o renovado Museu de Lisboa, com os seus cinco núcleos visitáveis no território da cidade, com destaque para os espaços agora requalificados, Santo Antônio e Casa dos Bicos. Também merecem destaque o Museu do Fado, Patrimônio Imaterial da Humanidade, o Castelo de São Jorge e a biblioteca pessoal de Fernando Pessoa, que pode ser visitada na Casa Fernando Pessoa. Há ainda outros museus que, não estando sob a alçada da Câmara Municipal de Lisboa, também constituem um mostruário ímpar do nosso valioso patrimônio”, infoma. “Os lisboetas são essencialmente acolhedores e gostam de receber. Acho que Portugal pontua muito essa encruzilhada de culturas, seu posicionamento estratégico, que dá ao seu povo um DNA aventureiro, frente ao instigante oceano. Aqui se convive com 900 anos de história, a contrapor as contemporâneas manifestações artísticas”, argumenta.

Lado mulher

Catarina Vaz Pinto é uma mulher de personalidade forte, que não usa o sobrenome do marido famoso, ora lembrado como possível candidato à Presidência da República de Portugal. Identificada com a questão de gênero, reconhece que embora o país tenha uma das constituições mais avançadas, ele emperra na prática. “Vivemos uma sociedade construída na imagem masculina, portanto não há consciência da quantidade de tarefa que cabe à mulher fazer, de modo que nesse universo diversificado, tudo fica mais difícil para o pleno desenvolvimento dela”, acrescenta.