Empoderamento

Ivone Caetano é a primeira mulher negra a se tornar desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Filha de uma lavadeira que criou sozinha os 11 filhos, teve uma infância pobre e chegou a acumular três empregos na juventude para ajudar a família. A oportunidade de estudar o curso de direito veio depois do casamento, aos 25 anos, e somente aos 49 conseguiu entrar para a escola de magistratura. Aos 69 anos e próxima de se aposentar, conta com uma trajetória de excelência. Desde 2004, Ivone era juíza titular da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Comarca do Rio de Janeiro. Agora, atua na Câmara de Defesa do Consumidor.

À frente da Vara da Infância, Ivone Caetano era considerada linha-dura por tomar algumas decisões polêmicas: determinou a internação compulsória de menores usuários de crack que vivem nas ruas e, em 2012, determinou a primeira internação compulsória de um adulto usuário de crack no Rio: uma mulher de 22 anos, grávida de oito meses. No entanto, durante sua caminhada, Ivone sempre contou com um empecilho: o preconceito. “Tudo é mais difícil para uma pessoa negra”, diz. Para a desembargadora Leila Mariano, primeira mulher a presidir o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, a trajetória da mulher, em especial, a da negra, está ligada à superação de preconceitos e à possibilidade de se mudar o destino. A nova desembargadora, favorável a cotas para negros nas universidades públicas, considera que avançar na carreira foi muito difícil. “Não desejo que outras mulheres negras tenham o mesmo tipo de dificuldade que eu tive”, conclui.