Saúde

Cada vez mais cedo, as brasileiras estão insatisfeitas com o próprio corpo. Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou uma pesquisa com meninas entre 13 e 15 anos de idade em Vitória (ES) e os resultados são alarmantes: mais da metade das adolescentes (51%) não está satisfeita com o corpo; 38% delas tentavam emagrecer (das quais apenas 26,5% se achavam gordas) e 13,5% tentavam engordar. A pesquisa revela o problema da insatisfação a partir dos parâmetros impostos pela sociedade e pela mídia, muito difíceis de serem alcançados. Além disso, são realizadas no Brasil cerca de 350 mil cirurgias estéticas por ano, algo como uma a cada três minutos, o que coloca o país na 2ª colocação no ranking mundial de cirurgias plásticas.

A antropóloga Mirian Goldenberg afirma que a mulher brasileira é a mais insatisfeita do mundo com o corpo. “Com 20 e poucos ou 30 anos elas já estão desesperadas com muito hidratante, filtro solar e idas ao dermatologista. No exterior, as com 50 anos que pesquisei nem falavam em envelhecimento”, conta. Essa busca pelo corpo perfeito já traz danos à sociedade: doenças como bulimia, anorexia e vigorexia (transtorno caracterizado pela prática de exercícios físicos em excesso) são cada vez mais comuns, especialmente entre as mulheres.

A cobrança em torno das diversas funções que a mulher deve desempenhar é um fator agravante. Mãe, esposa, profissional, admirada, magra, jovem são algumas das qualidades que a sociedade exige que a mulher tenha. Segundo Mirian, isso faz com que ela exija demais de si mesma: “A brasileira não olha o todo, parece uma detetive procurando com lente de aumento os defeitos. Qualquer ruguinha ou imperfeição elas transformam em um grande problema. Estamos magras, mas pesadas”.