Cylene Araújo e Vania Nocchi
Tânia Bacelar de Araújo é a referência nordestina quando se fala em economia brasileira. Pernambucana de nascimento, acalentou o desejo de ser advogada criminalista até que um teste vocacional a levou para a economia, que a notabilizou. Nesse segmento, tem doutorado em economia pela Universidade de Paris I-Panthéon Sorbonne, na qual foi aluna de Celso Furtado, tendo sido diretora da Sudene, da Fundação Joaquim Nabuco e, atualmente, sócia-diretora da Consultoria Econômica e Planejamento (CEPLAN).
Em entrevista exclusiva à revista Persona Mulher, Tânia analisa a situação econômica do país e afirma que a solução para o problema da miséria, que ainda se concentra no Norte-Nordeste do Brasil, é o investimento no ensino básico. “A sociedade precisa cobrar nas políticas públicas a prioridade na educação, este é o nosso calcanhar de aquiles. Países que melhoraram a vida de sua população fizeram esse investimento; a falta de profissionais qualificados no mercado desafia a transição para a sociedade do conhecimento”, afirma.
Para ela, embora as taxas de crescimento do Nordeste estejam acima da média nacional, ainda há muito a ser feito. “O Brasil aparece no cenário mundial como capaz de realizar grandes avanços econômicos. No entanto, este país gigante exibe acentuadas desigualdades entre suas regiões”, afirma. A distribuição de renda é a segunda pior do mundo, embora tenha tido “duas verdadeiras injeções de renda na veia: o Bolsa Família e o aumento do salário mínimo. Se o Brasil vai bem, o Nordeste vai bem, muito embora seu crescimento social ainda seja insuficiente. Mas reconheço que o Brasil já olha de uma forma diferente para essa região, quanto à sua integração na economia brasileira”, sinaliza.
Consumismo
A economista acredita que diminuir o impacto do consumo na natureza é possível, e analisa: “Durante o tempo em que vivi na Europa, pude observar colegas que usavam uma bolsa desde o período que as conheci, até quando terminei o curso. Aqui no Brasil, todo ano, as pessoas querem ter bolsas novas. Em países desenvolvidos, as pessoas são reconhecidas socialmente pelo que valorizam e não pelo que jogam fora”. De acordo com ela, o consumismo é o grande vilão dessa geração; a quantidade e o perfil do consumo é uma variável importante que reflete em mais qualidade de vida.
Participação feminina
Segundo a economista, a presença das mulheres nas questões econômicas e políticas ainda é insuficiente e certamente é uma colaboração indispensável: “Nossa vida é muito afetada pela economia e pela política e a mulher precisa ter consciência de seu valor e de sua capacidade”. Ao observar as gerações de sua família, percebe um grande avanço: “Hoje temos uma mulher na Presidência da República, no Supremo Tribunal Federal… No meio rural, é impressionante como elas avançaram. Nós fomos para a vida pública sem sair das responsabilidades pessoais, por isso a carga de trabalho é maior. Nosso papel é mudar o mundo do nosso jeito”, comenta.
Vida pessoal
Apesar de ter uma rotina bastante agitada como professora na UFPE e sócia da CEPLAN, Tânia afirma que acorda sempre com um sorriso no rosto, como boa pernambucana que é. “Dizem que sou otimista”, brinca. Em casa, gosta de ler e de ouvir música brasileira e se diz “péssima na cozinha”. Ela afirma que adora viajar e, no ano passado, levou a família para Paris. “Queria que meus filhos pudessem conhecer o lugar em que morei por seis anos e onde o mais velho deles nasceu”, conta. Tânia é casada desde 1972 com o paraibano e também economista Alcindo Rufino de Araújo, tem três filhos e atualmente aguarda a chegada do primeiro neto. Ela adora viver no Brasil: “é um país com uma sociedade ainda muito jovem e aberta e tem potencial para promover grandes mudanças”, finaliza.
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