Esporte

Roseli Amaral Feitosa, aos 24 anos, já conseguiu entrar para a história do esporte brasileiro como a primeira mulher a conquistar um título de campeã mundial de boxe, em 2010. Apesar da pouca idade, ela tem uma longa história de superação, tendo passado por muitas dificuldades na adolescência, inclusive, enfrentando a fome, mas não se deixando abater.

A determinação e a vontade de vencer a levou a conquistar muitos campeonatos, que inclui uma medalha de bronze no Pan Americano de 2011, em Guadalajara. Agora, sonha com as Olimpíadas. “O boxe se tornou um esporte olímpico faz pouco tempo. Para mim, entrar para a história como uma das primeiras atletas a disputar uma Olimpíada nessa modalidade será incrível. Quero muito ter essa chance”, declara.

A boxeadora relata que, inicialmente, não gostava tanto de artes marciais e se dedicava ao vôlei. No entanto, teve de parar de jogar aos 16 anos, pois precisava trabalhar para ajudar a família.

| Batismo no boxe

Trabalhando e estudando ao mesmo tempo, ainda reservava um espaço para a academia, onde conheceu seu atual marido, Antônio Feitosa, que lhe apresentou as artes marciais. “Meu marido me incentivava muito, falava que eu levava jeito. De 2007 para cá, não parei mais. Em 2008 já estava na seleção brasileira, já tinha conquistado alguns títulos, e fui evoluindo até chegar ao título mundial”, explica.

Feitosa, com humildade, afirma que ficou muito feliz e emocionada ao receber o título mundial, em Bridgetown, capital de Barbados, no Caribe, mas que, a princípio, a ficha não caiu. “No começo dos treinos, eu olhava para as meninas, principalmente as canadenses, que são as melhores, e me perguntava: ‘Como deve ser ganhar um título mundial?’. Uma delas é tricampeã, a outra é bicampeã. Agora, eu já penso: ‘Como deve ser ganhar dois títulos mundiais?’ É o meu sonho”, revela.

| Feminina

Roseli Feitosa argumenta que, atualmente, não há tanta discriminação quanto existia alguns anos atrás, mas que ainda há um certo preconceito a respeito das lutadoras. “As pessoas às vezes acham que todas as boxeadoras são homossexuais, o que não é verdade”, disse. Bastante feminina, não abre mão da maquiagem. “Sempre faço uma maquiagem básica no meu dia a dia, nada especificamente para o boxe. Entro no ringue maquiada porque esse é um hábito diário. Quando termina a luta, tenho que me arrumar um pouco mais porque o rosto fica meio torto”, brinca.

No esporte, há algumas regras para o uso de acessórios femininos. Não é permitido subir ao ringue de brinco nem colocar o cabelo para fora do capacete, por exemplo. Mas Feitosa está animada com algumas mudanças. “No final do Mundial, a organização do evento nos deu saias para a luta, gostei muito. A saia vem para diferenciar. Acho que temos de ter esse toque feminino mesmo no esporte”, finaliza a campeã.