Saúde

Segundo dados enviados à Agência Nacional de Saúde (ANS) pelas empresas que comercializam planos de assistência à saúde, a proporção de cesarianas em relação ao parto normal no Brasil é assustadora: 80% dos nascimentos, na rede particular, são agendados e realizados por meio da cirurgia. Esse percentual é discrepante se comparado ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 15%, e ao encontrado em outros países, como Holanda (14%), Estados Unidos (31%) e México (34%). O Brasil é líder mundial no número de cesarianas realizadas e responde por mais de 110 óbitos maternos por 100 mil bebês nascidos vivos.

Esses números levaram a epidemiologista Silvana Granado Nogueira da Gama, da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Fiocruz, a realizar um estudo sobre os fatores sociais, econômicos e médicos que levam às altas taxas de partos operatórios realizados no Brasil. Um relatório enviado à ANS indicou que, apesar de 70% das gestantes não terem manifestado a preferência pela cesariana, 90% delas tiveram esse tipo de parto. Segundo a pesquisa, entre os motivos pela opção cirúrgica estão: medo de sentir dor, preferência do parceiro, histórico familiar, experiência de partos anteriores e intenção de ligar as trompas. A cesariana é uma cirurgia, a paciente é anestesiada e o médico realiza o procedimento sem a participação dela.

São muitas as vantagens de ter um filho por meio do parto normal. Para a Relações Públicas Kellen Ricarte, é mais tranquilo e mais bonito, já que é a forma natural que a mulher tem de dar à luz. “Quando o parto é normal, o corpo da mãe e o bebê já estão preparados para o momento. Tudo funciona perfeitamente dentro da naturalidade”, diz. Ela afirma que nem todos os médicos incentivam o parto normal, especialmente na rede particular de saúde. “Meu primeiro filho nasceu nos Estados Unidos. Lá, não se fala em cesariana, a não ser que haja problemas. Por aqui, a prática é muito comum. Optei por ter a Valentina [segunda filha] na rede pública, onde é mais comum que os médicos incentivem o parto norma