Violência

Não foi necessário arma de fogo, apenas a brutalidade do estuprador, com certeza advindo de uma família em que se habituou com a agressividade do pai para com a mãe. Ele, é fruto de uma sociedade machista, que dá supremacia masculina, e comenta que “ao homem nada pega”. Assim, cresceu achando que tudo pode. Vivencia a violência a que a mulher é vítima, achando graça. Ri, com aquele que a desrespeita no ônibus, trem ou lotação. Gosta de assistir filmes pornográficos de sadismo, que degradam a mulher. Diverte-se com as piadas machistas de sentido sexual. Alimenta a ideia de que no fundo a mulher vibra em ser estuprada. Entende que ela provoca, quando usa roupa decotada ou saia curta.

Quem me estuprou está presente em todas as esferas, no padre que acha que a mulher no fundo provocou o ato. Nos fundamentalistas que obrigam suas mulheres se cobrirem de preto para não provocarem a sexualidade masculina. Nas mulheres que aprenderam esses valores condenatórios. Na vergonha da própria mulher em apresentar uma ocorrência policial ante os olhares suspeitos dos próprios policiais. Nas próprias delegacias onde mulheres inseridas em pequenos furtos sofrem com o estupro dentro das celas. De governos que condenam mulheres quando estas fazem denúncias de que foram vítimas de estupro.

O estuprador está em todas as partes, no olhar desconhecido, mas ameaçador. Ele está em uma cultura vigente, em que as mulheres por se rebelarem no Canadá, foram chamadas de vadias, gerando a reação nas marchas da vadias, que hoje protestam, pelo direito à liberdade de seus corpos.